sexta-feira, 28 de março de 2008

Mutações quase silenciosas*

Esse texto, eu tinha lido na Scientific American Brasil, e tinha feito esse comentario, que ia(vou) publicar no jornal folhaB(beta), mas enquanto a Sil fica enrolando, vou postar ele aqui primeiro.

Mutações quase silenciosas*

Como acontece em todas as áreas do conhecimento, algumas idéias sobre determinados assuntos são consideradas verdades absolutas, muitas vezes por parecerem mesmo, ou por estarem consolidadas a muito tempo como tal. Na Bioquímica, por se tratar de uma ciência em formação, isso acontece com uma frequencia ainda maior, e o caso mais recente é o que diz respeito as mutações silenciosas.
Imaginava-se até então que essas mutações não deveriam gerar alteração nenhuma nas proteínas que codificam, por exemplo: acreditava-se que um códon UGU que codifica para Cisteína, e UGC, que também codifica para Cisteína, não importando qual estivesse presente no código genético, a proteína seria a mesma, bastaria para isso eles estarem na mesma posição, ou seja tanto faz a presença de UGU ou UGC, que naquela exata posição, apareceria o aminoácido Cisteína, essa é a chamada mutação silênciosa, muda-se apenas uma nucleotídeo, mas o aminoácido codificado é o mesmo.
Porém pesquisadores do Instituto Nacional do Cancer dos EUA perceberam que alguma coisa errada estava acontecendo, eles identificaram uma proteína humana que assume duas formas distintas de acordo com uma diferença sutil em seu gene, que não deveria provocar alteração alguma, Eles estudam uma proteína de menbrana que atua como um sifão, retirando a quimioterapia das células cancerosas.
Após muitos estudos, constataram que a mudança de um único nucleotídeo no gene que codifica tal proteína causava uma redução na sua funcionalidade. Eles perceberam que o organismo usa certos códons mais frequentementes que os sinônimos alternativos(utilizam mais UGU do que UGC por exemplo) e essa prática reflete na quantidade de RNA- transportadores (tRNA) presente nas células.Cada tRNA reconhece um códon especifico na transcrição de um gene, e define um aminoácido correspondente numa cadeia de proteínas.Quando um códon raro aparece, poucos tRNAs correspondentes estão disponíveis na célula, e o funcionamento do ribossomo pode se tornar mais lento, ocasionando uma dobra inadequada da proteína, o que a levou a ter um funcionamento diferente.
A descoberta de que códons sinônimos poderiam romper a dobra de proteínas em seres humanos demonstra por que pensar na linguagem genética como se fosse “digital” é simplista demais, afirma um dos pesquisadores. A ideia de que um códon de RNA como UUU “significa” fenilalanina, assim como 010101 significa a letra A no codigo de troca de informações, é algo que os pesquisadores do seculo XXI devem desaprender, completa.
*Adaptado da revista Scientific American Brasil n˚61 de junho de 2007

2 comentários:

Unknown disse...

Realmente não se pode criar um modelo fixo para o código genético. O nosso metabolismo é muito mais complexo. Mas do ponto de vista computacional o que vc acha que pode se aproximar disso?

Alves e Figueira disse...

Interessante essa sua pergunta Jeane, realmente não tinha pensado sobre o assunto, mas estou no momento lendo um livro que diz respeito a padrões de organização dos seres vivos, e que possivelmente nos dará uma ideia melhor de como adequar nosso metabolismo complexo, com um codigo genetico adequado...
O livro "A Teia da Vida" do Fisico Frijot Capra..recomendo a leitura do mesmo!!!!abraços, e obrigado pelo post!!!!!